segunda-feira, 21 de dezembro de 2009



Tantas coisas passam pelo nosso coração
Tantos pensamentos povoam nossa mente
Essa mente inquieta que não quer esquecer
Essa mente que teima em não obedecer
Ou será que essas coisas partem do coração?
Eu só sei que às vezes eles se unem
Como se fossem apenas um
Confrontando seus donos
A insistir na mesma teimosia

sábado, 19 de dezembro de 2009




"Para se roubar um coração, é preciso que seja com muita habilidade, não se alcança o coração de alguém com pressa. Tem que se aproximar com meias palavras, suavemente, apoderar-se dele aos poucos, com cuidado. Não se pode deixar que percebam que ele será roubado, na verdade, teremos que furtá-lo, docemente... Conquistar um coração de verdade dá trabalho."


(Luís Fernando Veríssimo)

domingo, 13 de dezembro de 2009



De volta ao novo
Reencontro na vida
Caminhos desconhecidos
Obscuros, distantes...
Mas estou firme em trilhá-los
Desvendá-los e superá-los
E assim, cada passo que dou
Deixa uma marca em mim
De vitória!

domingo, 6 de dezembro de 2009

A cidade


















(vista da minha janela)

Toda noite sinto o seu cheiro frio e agradável
Esse cheiro que só você tem
E ao olhar pela minha janela
Vejo suas luzes alaranjadas ao longe
Piscando pra mim
Nesta hora, o barro vermelho já adormeceu satisfeito
E os prédios “deitados” fazem coro no repouso
As asas do avião também se embalam neste sono
Todos se preparando para mais uma dia,
Ao amanhecer, decolar!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Somewhere only we know



(Keane)


I walked across an empty land
I knew the pathway like the back of my hand
I felt the earth beneath my feet
Sat by the river and it made me complete

Oh simple thing where have you gone
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin

I came across a fallen tree
I felt the branches of it looking at me
Is this the place we used to love?
Is this the place that I've been dreaming of?

Oh simple thing where have you gone
I'm getting old and I need something to rely on
So tell me when you're gonna let me in
I'm getting tired and I need somewhere to begin

And if you have a minute why don't we go
Talk about it somewhere only we know?
This could be the end of everything
So why don't we go
Somewhere only we know?

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009










Essa espera cheia de sabor
Me lembra um cajueiro
Carregado de frutos maduros
Em pleno verão.
Sento-me debaixo dele
E me delicio com um.
Ao mordê-lo, sinto seu caldo doce
Escorrendo pela minha boca
Me fazendo desejar mais e mais...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009


(Clarice Lispector)


"Oh Deus, que faço dessa felicidade ao meu redor que é eterna, eterna, eterna e que passará daqui a um instante. Porque o corpo só nos ensina a ser mortal?"

terça-feira, 1 de dezembro de 2009












Toda vida que em mim habita
Doo aos que assim necessitam
Um pouco de mim à todos
Na verdade, queria dar tudo de mim
À ti!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

LIVRE!













Livre sou
Livre estou
De todo o passado doído
De toda mágoa que me assombrava
Os fantasmas já voltaram aos seus lugares
Onde não faço mais parte
Resta-me agora, tão somente esse presente
Que, literalmente, é uma dádiva
Um novo começo
Uma nova vida
Inteirinha só pra mim!

domingo, 29 de novembro de 2009



Quando abriu os olhos e viu que já era dia, a menininha correu em direção ao seu Pai com um sorriso largo e uma curiosidade infantil e genuína: “Papai, Papai, é hoje que eu vou receber o meu presente? É hoje? É hoje?”. E o Pai calmamente respondeu: “Você vai recebê-lo minha querida. Mas antes, porque não vai até o seu quarto e arruma os seus brinquedinhos?” A menininha foi correndo até seu quarto, juntou tudo o que estava espalhado, apesar de toda ansiedade procurou guardar cada coisa em seu lugar. Fez tudo rapidinho, é verdade, pois queria mais do que depressa voltar à presença do seu Pai. Esperara esse presente por muuuito tempo em seu coraçãozinho. Voltou saltitante ao Pai com a mesma pergunta, ela não iria sossegar até receber o seu presente! Afinal, seu Pai lhe garantiu que a daria, e ela conhecia seu Pai, sabia que Ele cumpria todas as Suas Promessas, sempre! Ele sorriu, por sua pequena impaciência, e afirmou mais uma vez que daria o seu tão esperado presente. Mas o seu irmãozinho estava chorando, e Ele mais uma vez alertou para que ela se dirigisse à ele e o ajudasse. Ela foi até onde seu irmãozinho estava, serviu-lhe um copo de água para acalmá-lo, brincou com ele... e brincou tanto, que chegou o sono e a menininha se viu dormindo sossegada em sua cama aconchegante. No outro dia, logo cedinho, ela despertou em um sobressalto e mais do que depressa, foi voando em direção ao seu Paizinho fazer-lhe a costumeira pergunta. “Papai, Papai, é hoje que vou receber meu presente? É hoje? É hoje?”. Seu Pai apenas sorriu e lhe abraçou com carinho...

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

walk by faith



Caminhar pra frente
Sem olhar pra trás
Seguir adiante
Quando não se vê
Esquecer o rumo
Mas lembrar do destino
Saber onde vai chegar
Sem saber bem como pisar

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

bastidores











Nos bastidores é que ensaiamos
Até que as cortinas se abram
E mostremos ao mundo tudo aquilo
Que em nós se esconde

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

página virada



Relendo o livro da minha vida
encontrei páginas amareladas
rasgadas, manchadas.
Algumas ainda com cores,
umas remendadas,
pálidas, desbotadas,
amassadas, esquecidas.
Umas poucas coladas.
Essas não tinham
mais cola
e se perderam do livro.
Mas as melhores
são as viradas,
aquelas que não voltam,
para que tantas outras
sejam construídas,
escritas e vividas
repletas de tintas coloridas.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Pés x Mente



Domingo último senti algo curioso à respeito dos meus pés em contraposição com minha mente. Uma espécie de divergência de “opiniões”, “comportamentos” e “atitudes”, entre essas minhas duas partes. Estava atrasada no meu caminho rumo à igreja e a todo o instante minha mente dizia, muito veementemente, que iria chover. Já estava ventando bastante, céu cinzento... prenúncio de chuva. Toda boa mente perceberia isso de imediato. Ela, então, me dizia insistentemente para voltar. Pensamentos me bombardeavam, como eles sempre o fazem (Pensamentos falam demais.... e quem fala demais muitas vezes fala besteira!). Por outro lado, meus pezinhos, tão rústicos, tão simples, tão humildes, seguiam perseverantemente pelo caminho habitual da igreja. Sem “pensar”! Por um momento achei que eles tinham vida própria e “não se importavam” com as divagações da minha mente. A sempre orgulhosa mente, com suas confusões e indecisões. Quanto mais os pensamentos me arrastavam para trás, mais meus pés seguiam para frente. Até que, por fim, cheguei ao meu destino e pude perceber como fora maravilhosa a vitória dos meus pés. Lá me encontrava feliz e próxima do Pai. Não é à toa que encontramos tantas exortações na Palavra de Deus em relação aos pensamentos. Do mesmo modo que encontramos diversas passagens sobre o "caminhar", sempre para frente, sempre! Na batalha entre eles, no que diz respeito ao caminho que me leva à luz, espero, sinceramente, que sempre vençam os meus pés!

sábado, 31 de outubro de 2009











Há peças do quebra-cabeças da nossa vida
Que parecem inexistentes
Não conseguimos localizá-las
Por mais que tentemos, nos esforcemos
Elas parecem inatingíveis, inalcançáveis
Ou então, há peças que
Não se encaixam em nenhuma outra
E perdemos muito tempo tentando
Fazê-las encaixar
Como posso ter peças que não são minhas?
Como podem peças minhas não estarem comigo?
Onde se encontram? Em que momento as perdi?
Vejo algumas que se encaixam perfeitamente
Nos jogos de outras pessoas
Cada quebra-cabeça humano
Que se encaixa em outro
E formam um novo jogo!

Gotas












Cada gota d’água

Que cai, molha

O chão, a grama

A pele

Renova cores

Inspira amores

E liberta dores

sábado, 24 de outubro de 2009

crash into me...

Dave Matthews

Isso que se espalha pelo meu corpo
Inunda minhas células
Navega em meus líquidos
Me atinge velozmente
Toma conta da minha mente
Esquenta meus póros
E abre meus desejos


"...Sweet like candy to my soul
Sweet you rock,
And sweet you roll
Lost for you, I'm so lost for you

Oh, and you come crash into me
And I come into you
And I come into you
In a boy's dream
In a boy's dream..."

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

cansaço



Às vezes canso
Canso de esperar
De tentar reconhecer
Em meio à rostos
Braços, pernas e abraços,
O teu cheiro, o teu jeito
A tua voz me dizendo baixinho:
Acabou a sua procura!

domingo, 18 de outubro de 2009

o beijo corporal



Lendo um pouco sobre relacionamentos em um blog que aprecio muito, por diversas razões... a aparente maturidade do escritor, sua forma de "ler" e "interpretar" o universo feminino, e o masculino, inclusive, algo me chamou atenção na questão do beijo...
Ficamos muito ansiosos geralmente com o primeiro beijo... como será, onde, o momento certo... Alguns se jogam na primeira oportunidade, outros esperam tanto que o tempo passa...
Nao há respostas para todas as perguntas e questionamentos... o certo é que para aqueles que consideram o beijo, não apenas um beijo, mas uma entrega, a expressão de um sentimento... para esses, então, a crise se agrava! É verdade que existe um sem número de tipos de beijos... os apaixonados, ousados, os que só externam tesão, os quase-beijos...
E é sobre esse último tipo que quero compartilhar o pensamento do jovem escritor. Talvez isso nos ajude a baixar a ansiedade e a ter uma nova visão dessa magnífica e deliciosa experiência...


"Às vezes o homem (ou a mulher) quer beijar, mostrar serviço, exibir aquela técnica tailandesa de chupar a língua que leu há anos em um artigo sobre 9 tipos de beijo. Ele quer fazer algo. Antes, porém, ele espera o momento e se move em direção ao beijo. Sua ansiedade o impede de experimentar várias possibilidades. Por exemplo, o que aconteceria se agisse como se o beijo já tivesse acontecido? Ou, se no momento certo para o beijo, não beijasse e seguisse se relacionando noite adentro?

Quem já entendeu que beijo é uma coisa que não existe deixa a energia subir e sempre se surpreende quando o beijo acontece. No primeiro encontro, uma peça de teatro no SESC Avenida Paulista e depois uma longa conversa no Paris 6. No segundo, samba de gafieira, salsa, bolero e forró no Buena Vista Club. A noite inteira colados, suando juntos, às vezes com os lábios a 2 centímetros, mas nenhum beijo. No terceiro encontro, chegam no apartamento dele depois de algumas horas no bar Anhanguera. Quando o beijo acontece, ambos sabem que aquilo que não é um beijo. Ora, beijo seria se tivesse acontecido no segundo encontro. Agora é tarde demais…

O melhor beijo é o que se improvisa quando duas bocas param entreabertas a mílimetros de distância. Beijo respirado. Línguas, lábios e dentes… não. Dos pés aos cabelos, nós beijamos mesmo é com o corpo todo."


POR GUSTAVO GITTI
extraído do site http://nao2nao1.com.br/beijo-e-sexo-sao-coisas-que-nao-existem/

sábado, 17 de outubro de 2009



“O amor acontece quando a gente deixa de esperar o príncipe e começa a lidar com o sapo”


(Mariana Mattos)



...in my stomach!

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Eles



Esses dias ao lado deles
encheram meu coração.
De alegria, de contentamento,
mais ainda, me encheram de chão.
Sim, porque com eles
Me sinto amparada, segura.
Não estou só.
Nesses dias, este mesmo lugar,
tornou-se diferente.
E aí compreendo que é a presença
deles que me leva à uma outra dimensão.
E isso independe do lugar.
Mas quando eles não estão mais lá,
sinto novamente o chão faltar!

domingo, 4 de outubro de 2009


Escrever a vida num pedaço de papel

Esboçar sorrisos em poesias

Discorrer em lágrimas coloridas

Os diversos pedaços da vida!

sábado, 3 de outubro de 2009

paraíso?



Ao assistir à alguns capítulos dessa novela, me peguei pensando no tipo de amor “construído” pelos protagonistas. Mas primeiramente na personalidade de cada um. Interessante perceber como o Zeca se comporta como um bebê chorão. Aparentemente um homem forte, doma boi, touro, vaca, o que vier, mas não consegue domar a si próprio. E quando contrariado? Quebra tudo, chama o pai capeta, grita e esperneia como o garotinho mimado que é. É verdade que toda mulher tem um sonho secreto em ser resgatada, em ter um homem-macho capaz de fazer loucuras por ela. Mas até as loucuras precisam ser sensatas, afinal, já passamos há séculos da fase egocêntrica, onde o mundo inteiro gira ao nosso redor. Ou pelo, deveríamos ter passado. Nossa, como conheço gente que ainda tá nessa... bom, mas isso já fica pra uma outra conversa. O fato é que ele, o tal zeca, oscila o tempo inteiro entre o seu querer-imposição sobre a moça assustada e medrosa e os seus surtos quando vê negado seu desejo. Por outro lado, a ovelhinha apavorada, mais conhecida como “santinha” é a covardia em pessoa. Tá certo que todo ser humano na face da Terra tem seus temores. Muitas vezes até o medo de ser feliz paira sobre nós! E ela corre, corre, de tudo... dela, do mundo, do desejo, do amor e é claro, do lobo-boi-brabo-descontrolado Zeca (bem, até eu correria, neste caso). Não há uma mínima, singela sequer, sintonia entre ambos. A não ser na forma como eles reagem diante dos obstáculos: fogem! Que raio de espécie de amor é esse que faz com que os dois se joguem nos braços de outros para “esquecer” aquele pseudo-amor-doentio? Pior ainda, conscientes de que serão e farão outros tão infelizes quanto eles próprios o são. Fica só, oras! Estranho isso! Pra mim é. Ora, se não há possibilidade de ficarem juntos porque há uma séria de "controvérsias", o boi derrubou ele e ele ficou aleijado, a santa tá cobrando a promessa... pondera-se então, repensa-se este amor, ou chuta-se o pau da barraca e enfrenta-se à tudo e à todos. Ainda acho muito incoerente um amor já nascer problemático. Eles terão uma vida inteira pela frente para se adaptarem um ao outro. Visto que a vida à dois nunca é simples. E ainda começar com tantos desencontros.... é no mínimo um mal presságio! Entretanto, no último capítulo achei uma coisa interessante. A cena final, o beijo final. Na minha leitura, aquela imagem foi excelentemente bem representada na relação insegura de ambos, mostrando bem o tipo de amor que os envolve... aquele sempre próximo a cair de um penhasco!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Há um lugar certo de onde vêm todos os pensamentos, inspirações, imaginações?
Há um lugar onde pensamos e construímos as ideias vindas lá... do recôndito?
Há uma forma, uma maneira exata de se descrever o íntimo do ser?
Se parte de um mesmo lugar eu não sei, mas é provável ser este o lugar de onde sai e se manifesta o que chamamos de vida!

domingo, 27 de setembro de 2009



“Conquistar é fácil… é a parte mais simples de um relacionamento. O desafio é o que fazer quando se esgotam os tipos de beijos, os restaurantes de comida internacional e as posições sexuais do KamaSutra. O que fazer no oitavo encontro, no quinto ano ou na terceira década?” (Gustavo Gitti)


Escutando certa música que fala do amor, daquele amor diário, que pode ser até monótono, excitante, às vezes, pensei nessa construção. Como se constrói o amor? Porque iniciar é fácil. Há aquela grande excitação, palpitações, romantismo exagerado, idealizações. Mas e quando essas idealizações caem por terra? Quando passamos a conhecer os defeitos daquele ser tão aparentemente especial e perfeito? Ou elas se transformam em algo real, concreto, ou simplesmente evaporam como um gás que se dissipa no ar e se perde em meio à imensidão. Entretanto, uma vez transformado em solidez passa a existir sob outra forma. Sem máscaras, jogos ou dissimulações. Uma construção é iniciada e pode tomar formas esplendorosas, sem a confusão dos sentimentos iniciais, mas com os desafios e delícias da realidade à dois.

sábado, 26 de setembro de 2009

razão e sensibilidade














Onde começa uma e termina a outra?
Não podemos viver dominados
pela emoção, dizem
Tampouco a ignorando
Há quem defenda que
devemos seguir o coração
Outros, a razão
E o ponto de equilíbrio entre os dois
Parece ser mais do que tênue
Parece-me irreal
E diria que de fato o é
Não há como desvencilhá-los
Estão unidos e confundem-se
Em suas nuances e cores
Muitas vezes em dissabores
E permanecem assim
Caminhando juntos
Nem sempre abraçados
Mas sempre sorrindo
Daqueles que os tentam separar

terça-feira, 22 de setembro de 2009

pedacinho



Meu pedaço de mim
que não me pertence
e que me faz ser assim
brigona, chata e turrona
mas que ama sem cessar
esse menino crescido
que insiste em não parar,
de crescer, de querer
seu próprio mundo,
e ir nele morar!









Onde encontrar o amor?
Em frente à Torre Eiffel?
À beira-mar?
Nos parques, campos?
Paradas de ônibus?
Supermercados?
Mas por que não em mim?
Dentro de todas as células
Correndo por todos os póros
Na mente, cérebro
Coração, artérias
E por que não doá-lo?
Não reter em mim
O que a mim não pertence?
Amar é doar-me, assim
Simplesmente com tudo
Não faltando nada
Pra viver apenas
E tão somente,
De amar!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009













as deeper as I think I love You
the deepest You show me what Love is
as higher as I imagine I can reach You
the hightest You can catch me whatever I do
as longer as I try to run to You
the longest You achieve me over all circumstances
as wider as I think I suffer
the widest You show me grace!

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

pequenos presentes


sorrisos entregues
a quem os desejar
não aqueles maldosos
não aqueles irônicos
mas os que doam
o melhor de si
e entregam às pessoas
pedaços de felicidade
tão bom recebê-los
de estranhos
que nunca vi
melhor ainda
doá-los àqueles
que desejam sorrir!

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

cor-de-rosa




Não, o mundo não é cor-de-rosa, definitivamente! Existem, sim, aqueles momentos em que sempre e insistentemente queremos imortalizá-los, eternizá-los. Como se a vida fosse um grande conto de fadas. Não é mesmo!


De maneira alguma quero fazer uma apologia ao sofrimento, à dor. Mas me peguei pensando no quanto ando correndo disso! Não quero dor, sofrimento, pessoas chatas e irritantes, as quais tenho que fazer um esforço sobre-humano pra não voar em cima. Não quero trânsito, nem doença, muito menos a morte.


Esses dias tava lendo um site interessantíssimo no qual o “rapaz” falava um pouco em voltar às origens. Como assim? Sair do conforto! Ponto! De fato, o excesso de conforto adormece, entorpece e em sua ausência... enlouquece. Isso é o que acontece com o extremo apego a si mesmo, ao meu sofazinho, à minha caminha macia, ao meu bainho quentinho, à minha saladinha fresquinha, às minhas almofadinhas, ao meu ursinho fofinho... não, não há nada de errado com isso! Errado é achar que a vida é só isso!


Ele falava que de vez em quando, procurava comer coisas não tão saborosas assim, tomava banho frio em pleno inverno, para “acordar o corpo”, água morna relaxa, e dizia que era preciso resgatar um pouco o homem das cavernas, o vigor e a força dos nossos antepassados. Concordo! Está sendo criada uma raça, nunca antes existida, de homens completamente fracos, frágeis, perdidos, indecisos, medrosos... Estou falando do gênero masculino mesmo, não usando a palavra homem como ser humano e não vou entrar aqui na velha questão da revolução feminina, que muitos dizem já o ter superado.


O fato é que hoje em dia estão tentando tirar a dor com uma grande incisão de bisturi. Paradoxalmente, mais e mais pessoas morrem, de depressão, de solidão, enclausuradas em si! A dor da alma se propaga vertiginosamente, e vai ficar ainda pior! Mais e mais pessoas estarão enlouquecidas pelo simples fato de não saberem mais lidar com a frustração, com o sofrimento, com o sacrifício. Notei o quanto fujo de ver sangue. Pessoas feridas, não quero nem saber! Assistir só a filminhos comédia romântica onde tudo, advinha... acaba daquela cor. Estou ficando condicionada e medrosa.


E nessa aspiral de acontecimentos e confusões, temos que lidar ainda com o escasso tempo. Tudo tem que ser rápido. Comida rápida, relacionamentos rápidos e soluções rápidas para os relacionamentos rapidamente desfeitos. Não amigos, não virei adepta à deitar numa cama cheia de pregos, mas temo já estar me tornando escrava de mim, do meu egoísmo, do meu egocentrismo, da minha falta de generosidade, sobretudo, com os que eu tenho grandes dificuldades... temo me tornar perseguidora do nada, assustada com tudo. Com perdas, sofrimento, dor, e com o esforço em doar-me... porque a vida é tudo, não é? Não, não é! Pelo menos não para aqueles que esperam bem mais do que existe aqui... onde tudo é aparentemente cor-de-rosa.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

"Vem andar e voa..."



“Isto é amor: voar na direção de um céu secreto,

fazer com que cem véus caiam a cada momento.

Primeiro soltar-se da vida

E finalmente dar um passo sem pés.”


Rumi (poeta e sábio sufi)

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

mulher

Maze, de James Dean





“O abismo dele, sua profundidade, é o espaço de queda para a entrega dela, para a sua dança, seus rodopios, confusões, desejos, ânsias, medos. O abismo dela, seu útero, é o espaço que será penetrado pela profundidade dele. O abismo dela se abre, se entrega e mergulha no abismo dele. O abismo dele invade, inflama e penetra o abismo dela.

A mulher precisa ansiar por profundidade e assim aumentar seu abismo interior. Isso atrairá os melhores homens, aqueles com profundidade suficiente para preenchê-las, aqueles com um abismo infinito o suficiente para que elas se precipitem, se joguem, se entreguem.

(...)

Em uma relação iluminada, eles se abismam um ao outro. A mulher se entrega ao homem e, de dentro dele, dança o universo com sua energia de luminosidade, brilho, charme, carne, prazer. O homem a possui e, dentro dela, fornece o espaço e a liberdade para que nasça mais um universo. É tão simples quanto dança de salão: o homem conduz e a mulher rodopia, encanta, fascina.”

por Gustavo Gitti

Extraído do site http://nao2nao1.com.br/

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Quadrados

cada um no seu espaço
sem a fusão do abraço
ou de qualquer enlaço
permanecemos sem percalço

terça-feira, 1 de setembro de 2009

sorver-te




Sugar teu cheiro eu quero
lamber teu gosto eu desejo
sorver cada espaço
até não sobrar nenhum pedaço...

Pra que serve a arte
se não for pra desconstruir?
Sentamos na cadeira do
cinema pra pipoca usufruir?
Pra que serve a poesia
se não for pra refletir?
Repensar a vida, sentir?
Ao nos depararmos com
a Estética, reavaliamos
nossa métrica e
aprofundamos o fruir!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

...

Os dias, às vezes,
são assim... em alguns
momentos preenchidos
de risos, lágrimas,
algumas vezes, de nada.
Sem emoção, sem muita razão,
sem grandes expectativas,
eles vão...e outros tantos virão...

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Apenas Teu














Todo os dias eu quero
Um tempo só Nosso
O melhor de todo o meu tempo
Um tempo com gosto de fruta doce
Um tempo com brisa e sol
Vou separar meu melhor momento
Aquele em que sou apenas eu
Sem a obrigação dos papéis do mundo
O tempo em que não sou nem mãe
Nem filha, nem irmã, nem amiga
Sou apenas a essência, as células
As entranhas, a alma
Um tempo sem máscaras
Um tempo apenas Teu
Onde não sou mais minha
Assim crua com meus defeitos
E erros, e acertos
Passo a ser apenas Tua
E Tua apenas, meu Deus!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A INsustentabilidade do ser...



Há 49 anos nascia a capital do país. Sou suspeita pra falar dessa cidade, visto que aqui resido e, particularmente, aprecio a cidade por suas muitas qualidades. No entanto, sua arquitetura vastamente conhecida, apreciada ou odiada, é o cartão postal da mesma. Bem, há 49 anos a arquitetura do querido, não por mim, Niemeyer, já não fazia sentido. Tudo bem, foi algo revolucionário na época, o digam os arquitetos. Quem sou eu pra contestar tal proeza! Mas toda aquela invenção exigia uma carga altíssima de iluminação artificial, isto é, MUITAS lâmpadas acesas dia e noite. Nesse momento de sustentabilidade, arquitetura verde, podemos perceber a sensibilidade de alguns profissionais da área, em construir prédios, ou o que quer que seja, onde gaste-se MENOS energia e que, no fim das contas, ajudem a diminuir o aquecimento global, entre outros problemas. Tal crime contra o planeta não era muito observado, nem sentido, há décadas atrás. Todavia, neste momento, ajudem-me, por favor, a compreender o que leva um arquiteto renomado, revolucionário, a construir um “parque” TODO EM CONCRETO! O tal “parque”, quase sem área verde, foi construído na capital de Pernambuco. Já nasceu em meio à polêmica, primeiro pelo nome, da mãe do atual presidente da República, que ninguém antes tinha sequer ouvido falar, tamanha contribuição para o país, segundo, havia DE FATO uma área verde anterior à construção do mesmo. Mas o pior ainda estava por vir, o “parque” em si, nada mais é do que dois anfiteatros construídos com o mais puro CONCRETO, completamente FECHADOS! Isto posto, será necessário mais energia artificial ainda. Em pleno meio dia, em uma cidade bastante iluminada naturalmente, serão necessárias lâmpadas...muitas delas! Ligadas de manhã, à tarde, à noite, de madrugada, quem sabe... E se faltar energia? Não quero nem pensar!... Bom, mas a situação se agrava quando vemos a localidade do dito cujo... em frente à beira mar!! Vidro, espelhos, teto solar, pensar num projeto onde se aproveita a ventilação que vem do mar... pra quê?! É muito melhor ligar todos os ares-condicionados possíveis! Todos respirando o arzinho gelado e sem circulação! Ainda há os gastos com a manutenção dos mesmos, claro! E as gripes? Todo mundo espirrando lá dentro, que beleza! É isso aí, fiquemos todos fechadinhos na caixinha, e se quisermos aproveitar a brisa fresca do mar... ora, é só sair do ambiente gelado, enfrentar o calorzão lá fora... e atravessar a rua!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Nós



Já estivemos no mesmo lugar. Do âmago da nossa mãe saímos para o mundo. Mesmo assim, houve um tempo em que éramos quase estranhas, aquele tempo adolescente em que as “amigas” eram “tudo”. Há muito esse tempo ficou pra trás. Hoje compartilhamos sonhos, sofrimentos, alegrias, e o mais importante, sabemos que teremos sempre uma à outra! Não importa se nossos filhos casaram e foram embora, não importa se estamos sem companheiros. Sabemos que ainda dividimos o mesmo lugar, não mais o físico, e sim, aquele bem íntimo, o lugar comum dos nossos corações!
FELIZ ANIVERSÁRIO MINHA IRMÃ!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Félicité



Pode parecer piegas essa reflexão, mas não canso de pensar na quantidade de pessoas que passam a vida inteira correndo atrás da tal felicidade. Onde será que devemos procurar? Será que está em nós? Será que é genético? Será que vem com a sabedoria? Com o tempo? Com a casa própria? Casamento? Filhos? Difícil saber onde começa exatamente. O que tenho percebido nesses anos da minha existência é que existem pessoas felizes e existem pessoas infelizes... e isso não depende muito da situação não! Naturalmente, estou tomando como ponto de partida uma vida com saúde, moradia, família, relacionamentos (somos seres sociais), é preciso haver uma base, um mínimo de conforto para se ter uma vida com dignidade e assim, poder, quem sabe, ser feliz. O que me impressiona é que há pessoas que possuem esse “kit” básico, possuem casa, família, não têm problemas de saúde, possuem relacionamentos, vida social, e ainda assim, são infelizes. Reclamonas, tristonhas, briguentas, mal-humoradas... são, na maioria das vezes, pessoas difíceis de se relacionar.


Por um outro lado, penso naquelas pessoas “leves”, aquelas que desejamos estar perto, que não temos medo da sua reação porque possuem um equilíbrio saudável, mesmo em momentos de estresse. Saber viver é uma arte, dizem, to achando que é mesmo. Infelizmente não há escolas que ensinem, e alguns passam a vida inteira sendo reprovados e nem se dão conta disso, acham que viver é isso mesmo, um fardo pesado e incômodo. Já ouvi isso, acreditem! É incompreensível pra mim tais palavras. Todavia, não quero ser eu a atirar a primeira pedra, não quero ser eu a juíza da felicidade ou infelicidade de outrem. Mas, seguramente, quero ser eu a viver essa vida plenamente, feliz, assim como o sou neste momento e em todos os outros!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009




Tua voz são as notas mais suaves

que compõem a melhor melodia

Teu rosto é a imagem mais ansiada

que só de ver me alegra a alma

Teus gestos me dizem o quanto

quero pegar-te no colo e

colar-te no meu peito

para sempre!


sábado, 15 de agosto de 2009

Os gêneros

(Simone de Beauvoir)
trechos do livro O Segundo Sexo - volume II


"O que torna relativamente fácil o início do rapaz na existência é que sua vocação de ser humano não contraria a de macho: já sua infância anuncia esse destino feliz. É realizando-se como independência e liberdade que ele adquire seu valor e concomitantemente seu prestígio viril."


"A mulher pensará em sua aparência física, no homem, no amor: não dará senão o estritamente necessário ao seus estudos, à sua carreira. Forma-se um círculo vicioso: espantamo-nos muitas vezes, ao ver com que facilidade uma mulher pode abandonar a música, os estudos, a profissão logo que encontra um marido; é que empenhara demasiado pouco de si mesma em seus projetos para descobrir grande proveito na realização deles. Tudo contribui para frear sua ambição pessoal, enquanto uma enorme pressão social a convida a encontrar uma posição social no casamento, uma justificação. É natural que não procure criar por si mesma seu lugar neste mundo, ou que só o faça timidamente."


"Só há verdadeira maturidade sexual na mulher que consente em se fazer carne na comoção e no prazer."


"Muitas vezes, durante os primeiros anos, a mulher cultiva ilusões, tenta admirar incondicionalmente o marido, amá-lo sem restrições, sentir-se indispensável à ele e aos filhos; depois, seus verdadeiros sentimentos se revelam; percebe que o marido poderia viver sem ela, que os filhos são feitos para se desprenderem dela: são sempre mais ou menos ingratos. O lar não a protege mais contra sua liberdade vazia; reencontra-se solitária, abandonada, um objeto; não sabe o que fazer de si mesma."


"É um engano ainda mais decepcionante do que sonhar em alcançar, pelo filho, uma plenitude, um calor, um valor que não se soube criar por si mesmo; o casamento só dá alegria à uma mulher capaz de querer desinteressadamente a felicidade de outro, àquela que, sem se voltar para si mesma, busca uma superação de sua própria existência."


"Para o homem, nem a elegância nem a beleza consistem em se constituir em objeto; por isso não considera, normalmente, sua aparência como reflexo de seu ser. Ao contrário, a própria sociedade pede à mulher que se faça objeto erótico. O objetivo das modas, às quais está escravizada, não é revelá-la como um indivíduo autônomo, mas ao contrário, privá-la de sua transcendência para oferecê-la como uma presa aos desejos masculinos; não se procura servir seus projetos, mas, entravá-los."


"É muito difícil à uma mulher agir como uma igual ao homem quando essa igualdade não está universalmente reconhecida e concretamente realizada."


"O homem também se interessa pelo dinheiro, pelo êxito: mas tem os meios de conquistá-los pelo trabalho; à mulher assinalaram um papel de parasita: todo parasita é necessariamente um explorador; ela precisa do homem para adquirir dignidade humana, para comer, gozar, procriar; é através dos serviços que presta com o sexo que assegura as generosidades masculinas; e como a encerram nessa função, ela se transforma inteiramente num instrumento de exploração."


"Sua atitude em relação ao homem é demasiado ambivalente. Este é, com efeito, uma criança, um corpo contingente e vulnerável, um ingênuo, um tirano mesquinho, um egoísta: mas é também o herói libertador, a divindade que distribui valores. Quando uma mulher diz com êxtase: “É um homem!” evoca ao mesmo tempo o vigor sexual e a eficiência social do macho que admira: em uma e outra coisa se exprime a mesma soberania criadora; ela não imagina que ele seja um grande artista, um grande homem de negócios, um general, um chefe sem ser um amante vigoroso; os êxitos sociais dele têm sempre uma atração sexual."


"E compreende-se por que todas as comparações com que se esforçam por decidir se a mulher é superior, inferior ou igual ao homem são inúteis: as situações são profundamente diferentes. Confrontando-se tais situações, faz-se evidente que a do homem é infinitamente preferível, isto é, ele tem muito mais possibilidades concretas de projetar sua liberdade no mundo; disso resulta necessariamente que as realizações masculinas são de longe mais importantes que as das mulheres; à estas é quase proibido fazer alguma coisa."


"Reconhecendo-se mutuamente como sujeito, cada um permanecerá, entretanto um outro para o outro. Quando for abolida a escravidão de uma metade da humanidade e todo o sistema de hipocrisia em que implica, que a “seção” da humanidade revelará sua significação autêntica e que o casal humano encontrará sua forma verdadeira."


A Paz




Não quero mais paixões arrebatadoras,

nem impulsos incontroláveis.

Não quero o coração descompassadamente acelerado...

quero a brandura, a doçura dos dias

ao lado dAquele que me dá a paz!

Essa paz que mais ninguém dá,

que nada pode comprar!

Brandura

Felicidade branda é aquela aquecida em banho-maria pelo coração.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

De volta aos trilhos



Já li textos e poemas que falam da vida como um trem, no qual pessoas sobem, descem outras, há desvios, atalhos, subidas e descidas. Caminhos tortuosos que pegamos, paisagens exuberantes que vemos, bifurcações, paradas obrigatórias. Refletindo sobre a minha vida, essa caminhada esquisita e misteriosa, excitante e inesperada, perguntei a mim mesma o que havia acontecido com meu trem? Para onde se dirigia, que rumo tomava? Durante alguns bons anos tive a impressão de que ele havia descarrilhado. Sim! Por alguma razão, em algum momento da minha vida, o trem simplesmente ficou desgovernado. Não que houvesse alguma ladeira muito íngrime e sem controle, mas era como se a maquinista não estivesse presente. E fui vivendo sem conseguir voltar aos trilhos. Não sei onde o destino entrou, não sei em que altura o caminho ensolarado reapareceu. Mas de um solavanco, rápido, inesperado, o trem voltou ao seu percurso, apitando... Parece que agora encontrei de novo a paz, a razão, o sentido e o caminho rumo à minha vida!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

A dor do outro

Ontem tive uma experiência que poderia dizer ter sido negativa. Mas prefiro transformá-la numa reflexão. Acordei com uma tosse forte, febre e dor de garganta. Nesse momento de alerta geral em relação à gripe H1N1, fui recomendadamente ao hospital. Lá chegando, já percebi a quantidade de pessoas com problema semelhante ao meu, ao mesmo passo que percebi o grande despreparo, não apenas dos médicos, mas de toda uma equipe hospitalar.

No balcão distribuíam máscaras para quem quisesse. Pedi uma pra mim por estar tossindo bastante. E fiquei aguardando...aguardando...demorou pelos menos DUAS horas até entrar no consultório médico. Mas antes disso vi algo que não gostaria de ter visto. Uma senhora desfalecida sendo carregada desajeitadamente pelo médico e funcionários para uma sala que ficava perto de onde estávamos, perto da sala de espera, e sua filha, naturalmente desesperada, gritando pelos corredores. Naquele momento não havia nenhum funcionário, recepcionista, enfermeiro, já que médico não havia mesmo, que desse uma assistência à acompanhante emocionalmente abalada. Não aguentei, levantei-me e fui até o balcão de atendimento e questionei sobre o fato, se não havia ninguém que pudesse ajudá-la, oferecer ao menos um copo de água com açúcar, ora bolas! O rapazinho da recepção levantou-se e procurou uma forma de dar alguma assistência, mas logo voltou ao seu posto inicial. Pude perceber que depois de algum tempo, finalmente, deram um pouco de água à mulher e a puseram numa sala. Menos mal.

Entrava médico na sala onde levaram a senhora, saía médico, até que pude ver que carregavam a “maletinha”. Aquela com o ressussitador. Fiquei nervosa! Na minha curiosidade de observadora não pude deixar de me perguntar se aquela senhora havia morrido. Chamaram meu nome finalmente, e entrei na sala do doutor. Lá dentro veio a confirmação, uma médica, nova ainda, e pelas suas próprias palavras, inexperiente, conversou rapidamente com o médico que me atendia, dizendo não saber como proceder em caso de óbito, pois era a primeira vez que vivia aquela situação.

Confesso a vocês que naquele instante lágrimas começaram a cair do meu rosto, eu a vi, vi sua filha, não estou acostumada a lidar com a morte, assim tão subitamente, já estava abalada por estar adoecida, que é algo que nos deixa fragilizados, estava sozinha, sem a minha mãe, com dor, com fome, cansada de tossir e ver aquela cena me deixou incrivelmente sensibilizada. Por pensar, egoísticamente, que poderia acontecer comigo também, pode ser. Mas além do meu egoísmo, senti medo da morte e compaixão pela sua filha e família por aquela perda.

Bom, recuperada das lágrimas, continuei minha peregrinação rumo ao diagnóstico. Fui então, para sala de raio-x. Mas, nada lá era tão simples assim. Tive que pegar uma nova senha e lá foram mais DUAS horas para tirar o raio-x. Teve o funcionário que passou outras pessoas na minha frente, quando já estava perdendo o limite da paciência e da dor, fui questionar a demora. O tal funcionário disse que havia me chamado há uma hora atrás. Tive que falar umas verdades pra ele. Passado mais esse stress. Espero mais MEIA hora para ficar pronto o exame e retorno ao médico que me atendeu primeiro. Por conta da demora, ele já não se encontrava mais no hospital, só eu, infelizmente. Fui atendida por um outro qualquer, nervoso ele, grosseiro e estressado. Saí com mais lágrimas mas grata por estar indo para casa...

No fim das contas...relaxei. Ora, se não estava com a gripe A, devido toda aquela demora e despreparo do hospital, se, por um acaso, havia alguém com esse diagnóstico, todos foram infectados, inclusive os médicos!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

EU


Ter a mim mesma é como o
nascer diário do amor próprio.
É sentir-me inteira e soberanamente minha.
É acolher meus pensamentos, sentimentos.
Desvendá-los, aceitá-los.
É não ter medo do que ainda não descobri.
É aceitar-me como sou.
Para poder aceitar-te como és.

sábado, 8 de agosto de 2009

just want...

If I could take you away
Pretend I was queen
What would you say
Would you think I'm unreal
'Cause everybody's got their way I should feel
Everybody's talking how I, can't, can't be your love
But I want, want, want to be your love
Want to be your love, for real

Everybody's talking how I, can't, can't be your love
But I want, want, want to be your love
Want to be your love for real
Want to be your everything

Everything...

Everything's falling, and I am included in that
Oh, how I try to be just okay
Yeah, but all I ever really wanted
Was a little piece of you...


Be be your love - Rachel Yagamata

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

melhor...

É melhor desabrochar em papéis
as fantasias retidas em mim,
em conhecer-te, em ter-te...
O mistério da não resposta faz-me calar,
ao invés de baixinho em teu ouvido sussurrar:
quero-te!

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

sempre Simone

"Não se pode escrever nada com indiferença." S. Beauvoir

"O escritor original, enquanto não está morto, é sempre escandaloso." S. Beauvoir

"O presente não é um passado em potência, ele é o momento da escolha e da ação." S. Beauvoir

"A minha liberdade não deve procurar captar o ser, mas desvendá-lo." S. Beauvoir

domingo, 2 de agosto de 2009

dias...

Há dias em que simplesmente calo,
há dias em que falo
e dias em que quero apenas um afago.

sem

De volta ao novo recomeço os passos.
Entre todos os percalços está a ausência do abraço.

Reencontro

Reencontrar-te é mais que ver-te,
é ver a mim mesma num movimento
que me impulsiona para a vida.
Sentir-te, ter-te é mais que saber-te,
é conhecer a mim mesma
num desvelamento sem fim!

sexta-feira, 17 de julho de 2009

despedacinhos

É difícil se despedir do amor... aquela sensaçao de conforto nos braços de alguém...
Queria quase desesperadamente te abraçar de novo! A incerteza do reencontro é imensamente maior. Se antes, não sabia quando te beijar de novo, agora, nossos caminhos definitivamente se apartaram. Noutro lugar, noutra cidade construo minha vida enquanto você faz a sua...
Nossos planos não são os mesmos, não olhamos na mesma direção. ah! mas como te queria de novo, a despedida do abraço. Vou sentir tanto a sua falta! e você nem sequer imagina,
se se importa, não sei! Ficamos todo esse tempo tomando todo o cuidado pra não entregar o coração. Sinceramente, queria ter me entregado a você sem medo! Mas agora, guardo dentro de mim os momentos que ficarão sempre como uma doce recordação.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

tudo novo, tudo velho,
tudo intenso...
lembranças, sorrisos
e lágrimas!
minha vida dividida
entre dois mundos
distintos.
amo-os!

segunda-feira, 15 de junho de 2009

À você, meu dom especial

Aniversário do meu anjo!
Aquele que me deu o mais intenso
e gratificante papel:
o de mãe!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Minha terra tem mangueiras...

Logo pequena, menina ainda, me mudei para a capital. E não era qualquer uma, era a capital do país. Mas essa coisa, que só ouvi falar depois, de tradição e história me era desconhecida. A cultura, a música regional eram vislumbres de um lugar distante, vivido animadamente nos dias quentes de férias. Havia um cheiro doce de manga madura misturada ao salgado do mar, que por sua vez, exalava o odor do sargaço ao calor do sol. E foram anos cheios de lembranças e ardores de pele bronzeada. Até, enfim, mudar-me para a terra das minhas férias. Agora, porém, era diferente. A cidade, assim como qualquer relacionamento, mostrava seu lado não tão perfeito com a convivência. Mas foi aquela época, com suas mazelas e dores, sabores e amores, que resgatou e fez crescer as raízes da planta da minha vida. Só assim pude conhecer a minha história. Mas por uma "presepada" do destino, volto à terra da minha infância, para, uma vez mais, re-conhecer o solo de onde brotei.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

LAR...Lugar prAonde Retornar

Já se passaram alguns dias. E depois do balde de água fria em não poder tomar posse imediatamente, me veio, um enxurrada de sentimentos. Me perguntei sobre o propósito de todo esse sofrimento. Sofrimento longe da minha família, do lar, dos amigos, da cidade já tão conhecida e o pior, sem o prometido emprego.
Às vésperas de receber o laudo médico me sinto capaz, sou capaz, saudável, mas me encontro cheia de ansiedade. Estava tão decidida a ficar nesta cidade independentemente dos resultados, no entanto, com o passar dos dias, começo a arrefecer. Toda aquela certeza, todo aquele orgulho em não voltar de "mãos vazias" começa a desfalecer.
Olho para as pessoas nas ruas e penso: aquele homem andando apressadamente na rua tem um lar, tá frio, ele caminha, mas sabe que em casa tem um sopa quentinha feita pela mulher o aguardando.
As pessoas trabalham, se cansam, às vezes, se aborrecem, mas tudo passa no momento em que chegam em seus lares.
É disso que mais sinto falta. Não há o "lar doce lar", a revigorante emoção de encontrar os rostos conhecidos dos amados...

31/03/09

DESEMPACOTE

Chegou hoje a caixa com minhas roupas e "me mudei" para o quartinho.
Dois impactos. O lugar é um cubículo, lembra mais uma cela, e a falta de espaço me faz lembrar da abundância de espaço na minha casa...lá...
Todo o sentimento chamado saudade aflora no momento em que vou abrindo a caixa.
Vejo roupas, que foram carinhosamente separadas pela minha mãe. Até uma Bíblia velha, ela não esqueceu de colocar.
Ao desempacotar os pertences deu uma sensação de "é pra valer" e "there is no turning back" um tanto assustadora.
Nunca pensei ser possível doer tanto a saudade. Queria tanto minha independência e, neste momento, tudo o que eu mais queria era um diazinho lá, uma noite abraçadinha com meu anjo.
A sensação da falta de casa, de um lar, é cortante!

30/03/09

Feliz velho novo

Hoje consegui abrir a conta no banco. Tudo está fluindo, graças à Deus!
É engraçado como os sentimentos estão diferentes agora. As três vezes em que estive em Brasília depois de ter me mudado daqui foram carregadas ainda de um morno deslumbramento. Não havia defeitos, sentia saudades. Boas lembranças.
Dessa vez, tudo foi diferente. Já cheguei com um clima de "à trabalho". Era uma igual. Fazia parte dessa nova realidade. Apesar da estranheza do sotaque, estou em "casa". Paradoxalmente, meus sentimentos estão saudosos do "outro lar", já tão distante fisicamente, geograficamente e emocionalmente.
É o novo e o velho juntos, tudo misturado. Vai demorar um tempo para separar rostos, vozes, incluir novos. Caminhar com os meus pés, só os dois. Apoiada emocionalmente, espiritualmente, naturalmente. Mas eu, eu mesma estou à um passo da tão sonhada autonomia.

24/03/2009

quinta-feira, 9 de abril de 2009

MUDANÇAS

Em determinado momento da vida desejamos algum tipo de mudança. Pode até ser física, mas mesmo a física esconde por trás uma certa inquietude, no mais das vezes algum tipo de frustração. Desejava a certo tempo uma mudança na vida. Visto que não tinha, propriamente dito, realização completa em nenhuma área da minha vida. Fosse essa financeira, amorosa, profissional. E a saída veio de onde menos esperava... de um telegrama recebido informando a aprovação de um concurso em uma outra cidade... e cá estou eu! Noutro lugar, com outras pessoas, outro trabalho, outra moradia... tudo novo! Começando do zero e subindo cada degrau até chegar nessas realizações. Porque tenho sim ambições... e a minha maior ambição é a realização plena!

segunda-feira, 9 de março de 2009

MULHER

frases, pensamentos, conceitos e confusões...

"Metade vítimas, metade cúmplices, como todo mundo." (Sartre)

"O fato de ser um ser humano é infinitamente mais importante do que todas as singularidades que distinguem os seres humanos. Em ambos os sexos representa-se o mesmo drama da carne e do espírito, da finitude e da transcendência; ambos são corroídos pelo tempo, vigiados pela morte, têm uma mesma necessidade essencial do outro; podem tirar de sua liberdade a mesma glória; se soubessem aprecia-la não seriam mais tentados a disputar-se privilégios falazes; e a fraternidade poderia então nascer entre ambos." (Simone de Beauvoir)

“Não, a mulher não é nosso irmão; pela preguiça e pela corrupção fizemos dela um ser à parte, desconhecido, tendo somente o sexo como arma, o que é, não apenas a guerra perpétua, mas ainda uma arma que não é de guerra leal – adorando ou odiando, mas não companheiro franco, um ser que forma legião com espírito de corporação, de maçonaria – mas de desconfianças de eterno pequeno escravo”. (Jules Laforgue)

"Quando for abolida a servidão infinita da mulher, quando ela viver para ela e por ela, tendo-lhe dado baixa o homem, ela será também poeta! A mulher encontrará o desconhecido!" (Simone de Beauvoir)

"O que falta essencialmente à mulher de hoje, para fazer grandes coisas, é o esquecimento de si: para se esquecer é preciso primeiramente que o indivíduo esteja solidamente certo, desde logo, que se encontrou." (Simone de Beauvoir)

quarta-feira, 4 de março de 2009

Escola de cafajestes

Andei pensando e acho que as escolas dos meninos são diferentes das das meninas. Primeiro porque eles rapidinho aprendem que se cair, é só levantar! Desde porretes saíam correndo e ao cairem...além da dor omitida e ofuscada, vinha rapidamente uma força voraz que os impulsionava para cima. Com todo o orgulho, olhos marejados, mas lá, de pé, prontos para correr de novo. Já as meninas... são tão delicadinhas né? Caíam e pronto, era uma choradeira só, professora correndo pra cá, diretora correndo pra lá, secretária com gelo na mão. Tudo para salvar a bonequinha de porcelana. E aí crescemos. Os então meninos, agora rapazes começam suas aventuras e... ah! como eles aprendem rápido... É a necessidade! Aprendem rápido a cascatear, elogiar, enganar, mentir (esse verbo pra eles pode ser comparado a "falar", ou em alguns casos "omitir", o que faz támbém com que não seja mentira). Mas tá, eles crescem um pouco mais e começam a "pegar"... e quanto mais melhor! É incrível o apetite desses garotos crescidos! Eles podem ter uma, duas, três... que sempre "cabe mais uma". E as palavras? Quem ensina pra eles tudo o que eles têm que falar pra nos deixar completamente derretidas? Impressionante! E quanto a nós? Quem vai nos ensinar a sermos "cafas"? Precisamos aprender a nos defender desses malandros deliciosos... Bom, a gente pode aproveitar um pouquinho... mas sem entregar o coração... o problema é que ainda não há escolas que ensinem isso!

domingo, 1 de março de 2009

Encontros e despedidas

Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida

(Maria Rita)

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009


"As restrições que a educação e os costumes impõem à mulher restringem seu domínio sobre o universo. Quando o combate para conquistar um lugar neste mundo é demasiado rude, não se pode pensar em dele sair; ora, é preciso primeiramente emergir dele numa soberana solidão, se se quer tentar reaprendê-lo: o que falta primeiramente à mulher é fazer, na angústia e no orgulho, o aprendizado de seu desamparo e de sua transcendência. "
(Simone de Beauvoir)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Amar

"No dia em que for possível à mulher amar em sua força, não em sua fraqueza, não para fugir de si mesma, mas para se encontrar, não para se demitir, mas para se afirmar, nesse dia o amor tornar-se-á para ela, como para o homem, fonte de vida e não perigo mortal."
(Simone de Beauvoir)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

causas e consequências

Todos vivemos e sofremos as consequências
das decisões que tomamos a cada dia.
As negativas fazem parte do aprendizado e não podem,
nem devem, ser sinônimo de incapacidade.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Let me free...


(Woman in Chains - Tears for Fears )


You better love loving
and you better behave
Woman in chains
Calls her man
the great white hope
Says she's fine,
she'll always cope
Woman in chains

Well I feel lying and
waiting is a poor mans deal
And I feel hopelessly
weighed down
by your eyes of steel
It's a world gone crazy
Keeps woman in chains

Trades her soul
as skin and bones
Sells the only thing
she owns
Woman in chains

Men of stone

Well I feel deep in your heart
there are wounds time can't heal
And I feel somebody
somewhere is trying to breathe
Well you know what I mean
It's a world gone crazy
Keeps woman in chains

It's under my skin but out of my hands
I'll tear it apart but I wont understand
I will not accept the greatness of man

It's a world gone crazy
Keeps woman in chains

So free her...

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

poemas

Teu sabor

Quero tua língua
Deslizando em minha boca
Sugar teu gosto
Misturado ao meu desejo
Lamber teu cheiro

Enroscado no meu peito.

escrito em 14/09/02


Esse outro é fofo:

Um Vinícius, por favor!

Quisera eu sentar
Numa mesa de bar
E sem demora solicitar
Um Vinícius pra me amar!


escrito em 25/01/2002


Mais um...

Bom

Sentimento bom é a saudade inofensiva
Aquela emoção branda costurada por recordações

Concebida pela deliciosa ausência.

escrito em 05/11/2001

escritas, lembranças...

Uma das coisas que mais gosto de fazer é escrever! E tinha o costume de escrever poemas... menina romântica! Neles eu punha a intensidade que não conseguia viver, a inocência que não conseguia superar, enfim... achei que os tivesse perdido. Até que meu pai os reencontrou em algum lugar escondido dentro do PC, e ao relê-los...ahhh... pude reencontrar pedacinhos da minha história. Eis alguns:

Um assim...

O que eu quero é
Viver uma vida assim
Tranqüila como
Água de coco na
Beira da praia
Uma vida assim
Intensa como
Sol no asfalto
Ao meio dia
Uma vida assim
De amor sincero assim
Como o sorriso de
Um filho
Uma vida a ser
Vivida a cada dia

Inteira e sem medida

escrito em 15/09/2002

Força...estranha?

Preciso descobrir
essa força que eu tenho
em algum lugar
ainda desconhecido
dentro de mim.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Chama

Me procuras quando
queres saciar tua sede,
tua vontade.
Não sei o que
acontece comigo.
Quando estás longe
decido esquecê-lo,
mas quando reapareces...
reacendes todo o meu desejo.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

O verbo "significar"

Apesar de estar decidida a não mais ligar para aquele no qual eu significo uma minúscula parte ou nada, não deixo de querer que ele venha até mim, me procure, me telefone... O que mais incomoda, não é a ausência dele, eu nunca o tive na verdade, é o ego ferido da não-procura, da não-necessidade, da indiferença. Quero "significar" para alguém. Quero "significar" pra mim!

EU...

Quero um encontro comigo.
Me descobrir,
descobrir gostos,
gestos, sonhos,
ambições,
temores, amores...,
força, perseverança,
disciplina, garra...
desenvolver qualidades,
despertar oportunidades...

sábado, 10 de janeiro de 2009

FRAGILE














Se mais uma vez
coloquei um homem
num pedestal,
não se preocupe!
ele é de cristal!

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

CONSIDERAÇÕES ACERCA DO GÊNERO FEMININO


A indignação me faz escrever, por isso, gosto de compartilhar pensamentos, questionamentos e reflexões acerca de mim mesma, do outro e da vida.
Compartilho com vocês neste momento uma inquietante reflexão sobre a mulher, este gênero tão mal compreendido e interpretado (por homens) e pelas próprias mulheres.
Ao participar de um curso a respeito do pensamento de Simone de Beauvoir deparei-me com questões desconcertantes sobre o devido tema.

Primeiramente, ainda na infância a menina e o menino correm felizes e satisfeitos nas ruas, brincam à vontade e são chamados apenas de crianças. Não há ainda neste momento o corte de gêneros. (os tempos atuais, infelizmente, têm modificado esta homogeneidade, e as meninas estão se tornando cada vez mais “mocinhas” antes do tempo) Mas nem sempre foi assim, e corríamos alegres e saltitantes pela vida. Eis que surgem então, as primeiras “modificações” nos corpos de ambos. A menina passa a ser, por assim dizer, “adestrada” a se tornar fêmea. Não são mais permitidos shorts, faz-se obrigatório o uso de blusas (uma mocinha não pode andar sem blusa por aí), saias, postura para sentar, comer, andar. Nos tornamos “mocinhas”. O incômodo menstrual é quase tratado como uma doença, temos vergonha. Compramos absorventes nas farmácias quase “escondidas”. Não nos é permitido mais subir em árvores. E nem brincar “naqueles períodos”.

Ainda com relação ao início da puberdade (menstruação), somos ensinadas e falsamente iludidas a um “privilégio” sobre os homens: dizem-nos “agora és mocinha, podes ter um bebê”. Mas a menina tão logo se desilude (com a menstruação), pois percebe que não adquiriu nenhum privilégio e... a vida continua. Ela reflete: “assim como o pênis tira do contexto social seu valor privilegiado, é o contexto social que faz da menstruação uma maldição”.

Passamos então a sermos “preparadas” para o maior advento das nossas vidas: o casamento, para assumirmos assim, num breve futuro outro igual advento: a maternidade. E para tal torna-se necessário que aprendamos a agradar esse ser “superior” chamado homem! Afinal, foi para ele que fomos criadas! O que ela nos diz a respeito do casamento: “O casamento não é apenas uma carreira honrosa e menos cansativa do que muitas outras: só ele permite à mulher atingir a sua dignidade social integral e realizar-se sexualmente como amante e mãe”. Não quero afirmar por meio destas considerações que sou contra o casamento, de maneira alguma, mas não pode ele ser o fim pelo qual todas nós nascemos. Não podemos desta forma ser “sujeito” da nossa vida se permanecemos na condição de “objeto”.

Simone de Beauvoir faz certas considerações sobre o que acontece com o menino e com a menina. Em relação aos meninos ela afirma “querem (os adultos) que ele seja um homenzinho, é libertando-se deles (dos adultos) que ele conquista o sufrágio destes. Agrada se não demonstra que procura agradar”. Já com as meninas acontece exatamente o contrário “há um conflito entre sua existência autônoma e seu ‘ser outro’. Ensinam-lhe que para agradar é preciso procurar agradar, fazer-se objeto, ela deve, portanto, renunciar a sua autonomia”.


Mais adiante ela prossegue “é condição penosa saber-se passiva e dependente na idade da esperança e da ambição, na idade em que se exalta a vontade de viver e de conseguir um lugar na terra; é nessa idade conquistadora que a mulher aprende que nenhuma conquista lhe é permitida, que deve renegar-se, que seu futuro depende do bel-prazer dos homens.


Não sei quanto a vocês, mulheres, mas eu me encontrei por diversas vezes perguntando a mim mesma sobre meu lugar no mundo, sobre até mesmo que profissão seguir. Parecia-me sempre que me respondiam: tanto faz! Você, na verdade, só precisa “segurar as pontas” até que o seu príncipe apareça. Não quero aqui culpar, ou justificar ninguém a respeito das minhas escolhas e mesmo da ausência delas.

O que deve ser levado em consideração é que cresci imaginando que um “homem” no fim das contas, me salvaria, que não seria preciso me “esforçar” tanto, pra quê? Afinal, são eles os provedores, não é mesmo? Mas o que acontece nos dias de hoje? Quantas mulheres, mães solteiras, divorciadas, e até mesmo entre as casadas, precisam sustentar sua casa, filhos, sonhos e ambições? Mais do que nunca antes, a mulher atual precisa “matar um e algumas vezes dois leões por dia”. Me pergunto como, se não nos foram dadas as devidas ferramentas e tampouco nos ensinado a caçar.

E de um jeito inseguro, desajeitado vamos seguindo nossas frágeis vidas. Não porque o somos, mas porque nos foram extraídas toda a agressividade, a ambição, a força, necessárias à sobrevivência.