quarta-feira, 26 de setembro de 2012


Vida vasta
Em espelhos turvos
De olhos ofuscos
E incertezas primeiras

terça-feira, 25 de setembro de 2012


Pequeninas mãos que tentam Te tocar
Perninhas pequenas que correm pra Te alcançar
Pezinhos que se equilibram pra Te olhar
Na certeza de Te encontrar!

sexta-feira, 14 de setembro de 2012


No auge da seca
A terra geme
Se contorce
Pesa o ar
Cinza o céu
E se prepara
Pra ela
Somente ela
Tem esse poder
De saciar...
De molhar...

sábado, 8 de setembro de 2012


A porta da verdade estava aberta,

mas só deixava passar meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,

porque a meia pessoa que entrava

só trazia o perfil de meia verdade.

E sua segunda metade voltava igualmente com meio perfil.

E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.

Chegaram ao lugar luminoso onde a verdade esplendia seus fogos.

Era dividida em metades diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.

Nenhuma das duas era totalmente bela.

E carecia optar.

Cada um optou conforme seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

(Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 5 de setembro de 2012


EQUILIBRIO II

Nem muito
Nem pouco
Sem demasias
Ou escassezes
Uma fina linha há
Ou serão vales
Que os separam?
Penso que
Nos extremos
Não estás. 

domingo, 2 de setembro de 2012

(Um dos preferidos)

           VI

Tu tens um medo.
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que é sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.

E então será eterno.

(Cecília Meireles)