quinta-feira, 21 de maio de 2009

Minha terra tem mangueiras...

Logo pequena, menina ainda, me mudei para a capital. E não era qualquer uma, era a capital do país. Mas essa coisa, que só ouvi falar depois, de tradição e história me era desconhecida. A cultura, a música regional eram vislumbres de um lugar distante, vivido animadamente nos dias quentes de férias. Havia um cheiro doce de manga madura misturada ao salgado do mar, que por sua vez, exalava o odor do sargaço ao calor do sol. E foram anos cheios de lembranças e ardores de pele bronzeada. Até, enfim, mudar-me para a terra das minhas férias. Agora, porém, era diferente. A cidade, assim como qualquer relacionamento, mostrava seu lado não tão perfeito com a convivência. Mas foi aquela época, com suas mazelas e dores, sabores e amores, que resgatou e fez crescer as raízes da planta da minha vida. Só assim pude conhecer a minha história. Mas por uma "presepada" do destino, volto à terra da minha infância, para, uma vez mais, re-conhecer o solo de onde brotei.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

LAR...Lugar prAonde Retornar

Já se passaram alguns dias. E depois do balde de água fria em não poder tomar posse imediatamente, me veio, um enxurrada de sentimentos. Me perguntei sobre o propósito de todo esse sofrimento. Sofrimento longe da minha família, do lar, dos amigos, da cidade já tão conhecida e o pior, sem o prometido emprego.
Às vésperas de receber o laudo médico me sinto capaz, sou capaz, saudável, mas me encontro cheia de ansiedade. Estava tão decidida a ficar nesta cidade independentemente dos resultados, no entanto, com o passar dos dias, começo a arrefecer. Toda aquela certeza, todo aquele orgulho em não voltar de "mãos vazias" começa a desfalecer.
Olho para as pessoas nas ruas e penso: aquele homem andando apressadamente na rua tem um lar, tá frio, ele caminha, mas sabe que em casa tem um sopa quentinha feita pela mulher o aguardando.
As pessoas trabalham, se cansam, às vezes, se aborrecem, mas tudo passa no momento em que chegam em seus lares.
É disso que mais sinto falta. Não há o "lar doce lar", a revigorante emoção de encontrar os rostos conhecidos dos amados...

31/03/09

DESEMPACOTE

Chegou hoje a caixa com minhas roupas e "me mudei" para o quartinho.
Dois impactos. O lugar é um cubículo, lembra mais uma cela, e a falta de espaço me faz lembrar da abundância de espaço na minha casa...lá...
Todo o sentimento chamado saudade aflora no momento em que vou abrindo a caixa.
Vejo roupas, que foram carinhosamente separadas pela minha mãe. Até uma Bíblia velha, ela não esqueceu de colocar.
Ao desempacotar os pertences deu uma sensação de "é pra valer" e "there is no turning back" um tanto assustadora.
Nunca pensei ser possível doer tanto a saudade. Queria tanto minha independência e, neste momento, tudo o que eu mais queria era um diazinho lá, uma noite abraçadinha com meu anjo.
A sensação da falta de casa, de um lar, é cortante!

30/03/09

Feliz velho novo

Hoje consegui abrir a conta no banco. Tudo está fluindo, graças à Deus!
É engraçado como os sentimentos estão diferentes agora. As três vezes em que estive em Brasília depois de ter me mudado daqui foram carregadas ainda de um morno deslumbramento. Não havia defeitos, sentia saudades. Boas lembranças.
Dessa vez, tudo foi diferente. Já cheguei com um clima de "à trabalho". Era uma igual. Fazia parte dessa nova realidade. Apesar da estranheza do sotaque, estou em "casa". Paradoxalmente, meus sentimentos estão saudosos do "outro lar", já tão distante fisicamente, geograficamente e emocionalmente.
É o novo e o velho juntos, tudo misturado. Vai demorar um tempo para separar rostos, vozes, incluir novos. Caminhar com os meus pés, só os dois. Apoiada emocionalmente, espiritualmente, naturalmente. Mas eu, eu mesma estou à um passo da tão sonhada autonomia.

24/03/2009